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Mostrando postagens de julho, 2010

Cálculo em bexiga urinária de um felino

A presença de sedimentos na bexiga urinária de gatos é comumente observada em felinos, especialmente em machos, podendo causar obstrução posterior à descedência de um debri à uretra. Mais raramente, observa-se cálculos verdadeiros, calcificados, que causam extremo desconforto abdominal no paciente. Nessas imagens pode-se ver claramente uma estrutura de 3.96mm por 1.44mm depositada na porção dorsal da bexiga, causando um sombreamente acústico bastante evidente. O sombreamente acústico, aliás, é o grande diferencial do cálculo vesical ou renal, já que a gordura, os sedimentos e os coágulos não costumam proporcionar esse efeito. Se essas alterações estiverem muito espessas, como pode ser o caso de coágulos, o som não será capaz de atravessá-la e o efeito será diferente, não sendo o de sombreamento, mas sim o de estrutura "entremeada", muitas vezes similar ao parênquima hepático quando esse estiver alterado por doenças como a cirrose ou a lipidose.

Estômago pouco repleto de um gato

A imagem de um estômago pouco repleto é bastante característica devido à plicatura da parede, que só desaparece quando o órgão está completamente distendido por alimentos ou gases. É importante estar atento a esse plissamente da parede, pois pode haver uma confusão com sinais de corpo estranho linear, especialmente em gatos domésticos que têm costume de brincar com fios. A atenção à anatomia e  ao posicionamento do transdutor ajudarão a sanar possíveis dúvidas durante o exame.

Ausência de alterações renais típicas em um paciente renal crônico

Muitas vezes as imagens não condizem com nossas expectativas em relação ao quadro clínico ou aos exames laboratoriais de um paciente. Esse felino é portador de doença renal crônica previamente diagnosticada e foi encaminhado para a ultrassonografia por questões de controle, já que a proprietária iria mudar-se de cidade e precisaria de um check-up de seus gatos antes da viagem. O esperado em casos de doença renal crônica (DRC) é encontrar rins diminuídos de tamanho, com alterações na arquitetura interna e muitas vezes alterações no formato geral. Diminuição da ecogenicidade de forma generalizada é outro sinal característico, assim como a pequena ou ausência de diferenciação córtico-medular. Interessante foi observar que este paciente não apresentou nenhuma das alterações esperadas, mesmo sendo clinicamente perceptíveis os efeitos da doença renal; reforçando a necessidade da combinação de exames auxiliares ao diagnóstico clínico para chegar-se a uma conclusão mais exata e precisa.

Líquido livre e pregueamento de alças intestinais em um felino

Gatos são sempre criaturas misteriosas, tanto em seus comportamentos como para os clínicos veterinários. Esse paciente não foi nenhuma excessão e se mostrou igualmente difícil.  Após haver sumido por 15 dias, o paciente retornou ao lar com uma aparente dificuldade respiratória e foi encaminhado à clínica. Durante o exame de rotina e a coleta de urina por cistocentese, o paciente apresentou um quadro de insuficiência respiratória seguida de cianose, êmese e defecação/micção involuntárias. Durante o exame de ultrassonografia, mais uma vez apresentou-se cianótico e nauseado. O exame mostrou uma grande quantidade de líquido livre no abdômen e o pregueamento de uma porção das alças intestinais, sugerindo corpo estranho linear. Outro fato interessante observado foi o de que a vesícula biliar encontrava-se completamente repleta, mesmo diante de um episódio emético agudo e severo.  O animal ficou apático durante todo esse dia e o líquido cavitário foi coletado, sendo posteriormente laudad

Diversas alterações pós-cirúrgicas em um felino

Esse paciente havia passado por diversas situações fora do comum, sendo que uma delas culminou em sua queda de uma altura elevada e no conseqüente rompimento da sua bexiga urinária. Após a colocação de uma sonda extra-uretral e sua mal-sucedida remoção por parte do próprio paciente, ele foi encaminhado ao ultrassom para a verificação da presença de líquido livre no abdômen. Não havia líquido livre, porém, o que se observa são sinais bastante severos de inflamação em todo peritônio e omento, como pode-se observar nas duas últimas imagens; a dificuldade de visualização da própria bexiga, bastante fibrosada e com conteúdo pouco anecóico que mais tarde constatou tratar-se de um coágulo de tamanho significativo. Observe também que o subcutâneo apresentava diferentes graus de edemaciação, devido à manipulação.

Cisto/abscesso hepático em um felino idoso

A paciente apresentada nessas imagens já possui a idade avançada de 18 anos de vida e o objetivo do exame ultrassonográfico realizado era realizar um check-up de rotina. A única alteração encontrada, que, porém, não manifestava sinais clínicos ou laboratoriais, foi a de um grande abscesso no lobo quadrado. Eu falo abscesso pois a imagem mista de líquido com uma porção massilenta e as bordas bem arredondadas e definidas, acompanhada de parênquima hepático íntegro, nos indica se tratar de um, porém, só a biópsia ou um exame aprofundado microscopicamente pode nos dar certeza. Esse achado pode ser muito comum após algum processo infeccioso grave, especialmente se esse tiver ocorrido nos rins, que por contato podem provocar o mesmo quadro no fígado. Muitas vezes o paciente não mais manifestará sinais de infecção, sequer hematológicos. Por se tratar de uma paciente bastante idosa, o clínico responsável pela paciente optou por acompanhamento clínico e imaginológico do caso.