Pular para o conteúdo principal

Linfoma intestinal em um felino



Linfomas são o tipo de neoplasia mais comumente encontrado na clínica de felinos. Dentre todas as variedades existentes, a que mais rotineiramente eu vejo nos exames ultrassonográficas é a intestinal.

Neste caso a desconfiança de se tratar de um linfoma intestinal é alta, por dois motivos principais. O primeiro é que há um aumento significativo de todos os linfonodos mesentéricos (como observado na segunda figura) e o segundo, é que a camada da parede intestinal que está mais espessada é a submucosa. Quando se trata de doença intestinal inflamatória, a camada mais afetada é a própria mucosa, bem como nos casos de tríade felina, sem contar que nesse caso, a inflamação é restrita ao duodeno. Nos casos de neoplasia, dificilmente as camadas são distintas.

Naturalmente, a única maneira de se ter certeza é com a biópsia, como foi feita nesse caso. O resultado do exame confirmou a suspeita de tratar-se de um linfoma e a paciente está sendo devidamente medicada.

O por quê de eu ter postado essa imagem é a importância de se atentar para as camadas do intestino, muitas vezes negligenciadas por muitos veterinários pois normalmente não há uma indicação específica para o intestino. Por isso, ajuste a freqüência de seu transdutor para uma bem alta (10MHz) e procure bem. Boa sorte!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alterações esplênicas em cães

As alterações esplênicas em cães normalmente são avaliadas de maneira subjetiva pelo ultrassonografista, já que existe uma variação de porte do paciente bastante grande. Ao contrário da esplenomegalia em felinos, que pode ser observada pelo aumento longitudinal do órgão, esta afecção em cães é comumente constatada pelo aumento transversal do mesmo.  Muitas são as causas da esplenomegalia, sendo importante destacar as hemoparasitoses, as parasitoses intestinais e epiteliais severas e as doenças endócrinas como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus.  Além do tamanho, o ultrassonografista deve estar atento à ecogenicidade esplênica, que de acordo com o macete "My Cat Loves Sunny Places" (M=medulla; C=cortex; L=liver - fígado; S=Spleen - baço; P=prostate) deve ser discretamente mais hiperecóica que o fígado e um pouco mais hiperecóica do que a camada cortical dos rins.  Outro aspecto importante é a ecotextura deste órgão, sauda

Piometra de coto uterino - algumas apresentações

As imagens acima foram obtidas em exames ultrassonográficos diferentes de algumas pacientes da espécie canina; elas representam algumas formas de apresentação da afecção infecciosa de coto uterino. Note os tamanhos variados de coto, a quantidade e as ecogenicidade e ecotextura variadas.  Esse é um quadro mais comumente observado em paciente da espécie canina e normalmente os sinais aparecem poucos dias após a ovariosalpingohisterectomia (OSH). A explicação para esse acometimento para estar na frouxidão do miometro previamente dilatado pela gravidez, piometra ou cio, combinada ao excesso de tecido uterino deixado pelo cirurgião. A existência prévia de piometra não é um fator totalmente predisponente à formação de piometra de coto uterino, porém pode ser um agravante.

Lama biliar em um felino

A lama biliar pode aparecer tanto fisiologicamente quanto patologicamente. Fisiologicamente quando o animal está em jejum há mais de 12 horas e patologicamente quando há obstrução do canal biliar, tríade felina, pancreatite isolada ou hepatite, cirrose, lipidose. No caso dessa felina tratava-se de jejum prolongado, porém, a mesma veio a romper dias depois, o que é muito curioso, já que não havia sequer aumento significativo da vesícula biliar e/ou espessamento da parede que indicasse um processo mais crônico, muito menos uma calcificação significativa que pudesse ser agressiva à parede fina da vesícula. A vesícula biliar foi retirada junto com o lobo quadrado, mas o caso ainda permanece um mistério