Pular para o conteúdo principal

Alterações em ambos os rins de um felino




Esse caso ilustra as constantes alterações renais encontradas na clínica de gatos domésticos. Essa paciente, em particular, não tinha idade avançada, porém noto que a idade do gato não parece influenciar muito no aparecimento ou não de doenças renais. 

O que foi visto nas imagens é bastante preocupante, pois o rim esquerdo mostra diminuição total de tamanho, deformação estrutural interna e a presença de um cálculo pélvico de tamanho bastante significativo; enquanto o rim direito tem tamanho normal, porém aumento concêntrico da área cortical, levando à uma diminuição da região medular. Interessante observar que essa quase ausência de médula renal direita estava presente mesmo com a administração constante e intensa de fluidoterapia endovenosa. Pode-se concluir empiricamente que a função renal dessa paciente está seriamente comprometida, uma vez que o rim direito não parece estar suprindo a provável falência renal esquerda. 

Casos que envolvem aumento concêntrica da região cortical do rim de um gato sempre deve ser visto com cautela em relação a um possível quadro de neoplasia, ordinariamente linfoma primário ou metastático. O linfoma nem sempre provoca aumento dos linfonodos e é uma alteração muito comum em felinos jovens.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alterações esplênicas em cães

As alterações esplênicas em cães normalmente são avaliadas de maneira subjetiva pelo ultrassonografista, já que existe uma variação de porte do paciente bastante grande. Ao contrário da esplenomegalia em felinos, que pode ser observada pelo aumento longitudinal do órgão, esta afecção em cães é comumente constatada pelo aumento transversal do mesmo.  Muitas são as causas da esplenomegalia, sendo importante destacar as hemoparasitoses, as parasitoses intestinais e epiteliais severas e as doenças endócrinas como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus.  Além do tamanho, o ultrassonografista deve estar atento à ecogenicidade esplênica, que de acordo com o macete "My Cat Loves Sunny Places" (M=medulla; C=cortex; L=liver - fígado; S=Spleen - baço; P=prostate) deve ser discretamente mais hiperecóica que o fígado e um pouco mais hiperecóica do que a camada cortical dos rins.  Outro aspecto importante é a ecotextura deste órgão, sauda

Sinais de pancretite em um gato

O pâncreas é uma glândula de difícil observação, identificação e até mesmo de diagnóstico preciso, já que a dosagem de enzimas pancreáticas como a lipase são pouco ou nada realizadas no Brasil. Temos, porém, alguns indícios característicos que nos levam a crer se tratar de um caso de pancreatite. Em cães, podemos observar a ventroflexão do paciente e a extrama sensibilidade do mesmo à palpação abdominal; em gatos pode-se considerar o vômito agudo e a presença ou não de sensibilidade na região pancreática. Logo vê-se que gatos não apresentam sinais clinicos tão clássicos como o cão, o que torna a realização de uma ultrassonografia abdominal bastante importante e útil no diagnóstico dessa alteração. Com o transdutor correto e boas noções de anatomia é possível visualizar a região pancreática, quando alterada, logo caudalmente ao duodeno. Em casos de pancreatite aguda, observa-se diminuição da ecogenicidade do local, como na imagem acima. Em casos de pancreatite crônica, pode haver u

Cirptorquidia: onde procurar o(s) testículo(s) remanescente(s)

A criptorquidia decorre ausência de exposição correta dos testículos, podendo acometer apenas um deles ou ambos, devido ao estreitamento idiopático do canal inguinal.  Quando no útero materno, os testículos dos fetos de cães e gatos do sexo masculino localizam-se dentro da cavidade abdominal dos mesmos. Pensando anatomica e fisiologicamente, os testículos são o substituto masculino dos ovários, apresentando funções proporcionalmente similares e localizações intra-abdominais igualmente parecidas.  Tendo em mente a anatomia, recomendo começar posicionando seu transdutor com o apontador cranial, na linha alba, ventral à bexiga urinária. Visualizando a bexiga, corra o transdutor caudalmente em direção à próstata para então começar a virar seu pulso com o pobre para a esquerda e a direita, suavemente. É muito comum encontrar o testículo nessas regiões laterais à próstata. A estrutura observada será muito parecida à esta da imagem; ovalada, parênquimatosa e mais provavelment