Pular para o conteúdo principal

Cistos renais subcapsulares em um felino


As raças de cães foram rigorosamente selecionadas ao longo de séculos para servir e agradar ao ser-humano. Os gatos também sofreram algumas modificações em nome, especialmente, da estética, já que sua função principal era e ainda é a de caçar pequenos inquilinos indesejáveis que insistem em adentrar em nossos lares e locais de armazenamento de comida. 

Com funções menos específicas que as dos cães, alguns gatos foram fisicamente escolhidos para se reproduzir devido às suas características físicas um tanto bizarras como a braquicefalia extrema do Persas, a hipotricose dos Sphynx, as pernas curtas e varas do Munchkin, a polidactilia dos felinos criados por Ernest Hemmingway em sua propriedade (hoje considerados parte viva do museu em homenagem ao escritor inglês), dentre outras.

Felizes com os resultados de suas criações genéticas, pouco se sabia que certas características físicas curiosas trazem consigo predisposições a doenças crônicas e incuráveis, como é o caso da doença renal policística (PKD - policystic kidney disease) nos Persas. 

Atualmente diversos gatis testam suas matrizes para o gene responsável por tal alteração, porém muitos gatos Persas ainda são acometidos por essa doença, que pode trazer muito desconforto ao paciente, já que a cápsula renal é uma região altamente sensível e o crescimento de cistos na região cortical dos rins pode comprimi-la. 

Um possível tratamento paliativo é a injeção de álcool etílico estéril 95% diretamente nos cistos, a fim de secar seu conteúdo. Contudo, o cisto voltará a aparecer dentro de algumas semanas ou meses, sendo recomendado o controle ultrassonográfico mensal e a não reprodução desse espécime animal. 

Na imagem vê-se um cisto na região cranio-ventral esquerda do rim direito, apresentando-se como uma estrutura hipoecóica arredondada, assim como um logo ao seu lado direito e dois na porção caudal do órgão. Os rins policísticos caracterizam-se pela presença de diversas estruturas anecóicas arredondadas em toda sua porção periférica, podendo haver variação de tamanho entre eles e de quantidade conforme o paciente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alterações esplênicas em cães

As alterações esplênicas em cães normalmente são avaliadas de maneira subjetiva pelo ultrassonografista, já que existe uma variação de porte do paciente bastante grande. Ao contrário da esplenomegalia em felinos, que pode ser observada pelo aumento longitudinal do órgão, esta afecção em cães é comumente constatada pelo aumento transversal do mesmo.  Muitas são as causas da esplenomegalia, sendo importante destacar as hemoparasitoses, as parasitoses intestinais e epiteliais severas e as doenças endócrinas como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus.  Além do tamanho, o ultrassonografista deve estar atento à ecogenicidade esplênica, que de acordo com o macete "My Cat Loves Sunny Places" (M=medulla; C=cortex; L=liver - fígado; S=Spleen - baço; P=prostate) deve ser discretamente mais hiperecóica que o fígado e um pouco mais hiperecóica do que a camada cortical dos rins.  Outro aspecto importante é a ecotextura deste órgão, s...

celularidade na bexiga urinária

Nessa foto podemos observar perfeitamente a bexiga urinária, muito cheia, formando um globo anecóico, ilustrando o que se chama de "bola de natal", pois a semelhança da imagem com o brinquedo é inegável. Os pontos hiperecóicos observados flutuando em meio ao líquido (anecóico) são os debris celulares ou pequenos cristais de oxalato ou estruvita ou até mesmo coágulos (a distinção de um ou outro é muito sutil, mas costumo dizer que os cristais são mais "brilhantes" em relação às outras possibilidades e os coágulos os mais hipoecóicos relativamente. Quando maiores, os cristais ou estruturas calcificadas causam a formação de sombra acústica). Para se obter essa imagem deve-se fazer a manobra de balotamente da bexiga, que consiste em posicionar o transdutor sobre a mesma fazendo movimentos rápidos de modo a chacoalhar o abdômen e consequentemente o conteúdo intravesical, levantando possíveis materiais sólidos.. Neste caso os cristais eram de estruvita, mais comu...

Piometra de coto uterino - algumas apresentações

As imagens acima foram obtidas em exames ultrassonográficos diferentes de algumas pacientes da espécie canina; elas representam algumas formas de apresentação da afecção infecciosa de coto uterino. Note os tamanhos variados de coto, a quantidade e as ecogenicidade e ecotextura variadas.  Esse é um quadro mais comumente observado em paciente da espécie canina e normalmente os sinais aparecem poucos dias após a ovariosalpingohisterectomia (OSH). A explicação para esse acometimento para estar na frouxidão do miometro previamente dilatado pela gravidez, piometra ou cio, combinada ao excesso de tecido uterino deixado pelo cirurgião. A existência prévia de piometra não é um fator totalmente predisponente à formação de piometra de coto uterino, porém pode ser um agravante.