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Diferenças de ecogenicidade do lobo hepático e da córtex renal



Se você trabalha com ultrassonografia de animais ou pretende trabalhar, é muito possível que já tenha ouvido falar da sigla "My Cat Loves Sunny Places". É um lembrete em inglês para que os ultrassonografistas saibam a relação de hiperecogenicidade e hipoecogenicidade entre os principais órgãos abdominais. Pegando a primeira letra de todas as palavras e partindo do mais hipoecóico para o mais hiperecóico temos: Medula renal, Córtex renal, Liver (fígado), Spleen (baço) e Próstata. Essa seria a relação normal de ecogenicidade entre os órgãos quando não há nenhuma alteração presente. É importante salientar que, para ter uma comparação fidedigna, o ganho total e os parciais devem permanecer os mesmos quando se circula de um õrgão para o outro, senão você pode criar uma falsa diferença.

Os órgãos mais fáceis de se comparar são o fígado e o rim direito, já que estão fisicamente próximos e você incluí-los na mesma imagem, nem margem para erro. Na imagem acima é exatamente o que temos. Note que a porção visualizada do lobo hepático direito é visivelmente hipoecóica em relação à córtex renal. De acordo com a relação normal, pode-se ter certeza de que estamos diante de uma hipoecogenicidade hepática. Visto isso, escaneie o restante do fígado para se certificar de que todo ele segue o mesmo padrão. Se notar que apenas um lobo ou uma porção de um lobo está hipoecóica, você pode desconfiar de isquemia local, torção, lesão; se todo o parênquima hepático estiver uniforme em sua hipoecogenicidade, pode-se pensar em um processo inflamatório generalizado, uma reação medicamentosa, já que o aporte sangüíneo aumentou em todo o órgão.

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