Pular para o conteúdo principal

Espessamento parietal de bexiga e alteração uterina em uma cadela



As alterações relacionadas com o trato reprodutivo são comumente encontradas em cadelas não-esterilizadas. Normalmente a paciente vem à clínica com a queixa dos proprietários de que está apresentando febre, apatia, hiporrexia ou anorexia e, muitas vezes, diarréia e vômito. 

Sinais naturalmente inespecíficos até o momento em que o clínico pergunta sobre sua capacidade reprodutiva; ao receber do proprietário a resposta de que a paciente não passou por uma ovariohisterectomia, a primeira reação é palpar o abdômen inferior. Sentindo a sensibilidade da paciente, logo a encaminha para um exame de ultrassom, onde provavelmente a imagem que se verá será a acima: útero com conteúdo difuso e aparentemente purulento acompanhado de espessamento severo da camada de células transitórias da bexiga. 
Nesse momento duas suspeitas devem passar pela cabeça do ultrassonografista, sendo a principal delas a piometra; em segundo lugar pensa-se em alguma alteração neoplásica. Como a bexiga urinária e o útero ficam em contato direto, é difícil determinar qual dos dois órgãos iniciou a alteração. 

No caso específico dessa paciente, já idosa e com pequenos nódulos mamários, a suspeita maior recai sobre o útero, já que provavelmente tais nódulos são decorrentes de uma metástase uterina.

Comentários

  1. Não tenho mais útero nem ovário fiz uma retirada de um pequeno tumor do rim direito a leiser agora com mais de um ano apareceu discreto espessamento na bexiga na bexiga como cuidar desse problema

    ResponderExcluir
  2. Desculpe agora que vi que es veterinária

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tudo bem. Querida, é importante consultar um médico de sua confiança assim que possível, especialmente se você está sentindo de qualquer natureza ao urinar. Mesmo não tendo mais útero e sistema reprodutivo, inflamações e outras alterações em bexiga urinária ainda podem aparecer e somente exames de diagnóstico presenciais e uma boa avaliação clínica poderão lhe dar o caminho para a saúde plena :)

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Alterações esplênicas em cães

As alterações esplênicas em cães normalmente são avaliadas de maneira subjetiva pelo ultrassonografista, já que existe uma variação de porte do paciente bastante grande. Ao contrário da esplenomegalia em felinos, que pode ser observada pelo aumento longitudinal do órgão, esta afecção em cães é comumente constatada pelo aumento transversal do mesmo.  Muitas são as causas da esplenomegalia, sendo importante destacar as hemoparasitoses, as parasitoses intestinais e epiteliais severas e as doenças endócrinas como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus.  Além do tamanho, o ultrassonografista deve estar atento à ecogenicidade esplênica, que de acordo com o macete "My Cat Loves Sunny Places" (M=medulla; C=cortex; L=liver - fígado; S=Spleen - baço; P=prostate) deve ser discretamente mais hiperecóica que o fígado e um pouco mais hiperecóica do que a camada cortical dos rins.  Outro aspecto importante é a ecotextura deste órgão, s...

Doenças inflamatórias intestinais

As doenças inflamatórias intestinais podem advir de uma combinação imprecisa entre meio ambiente, genética e imunologia.  Algumas possuem origem auto-imune e podem inclusive ser a manifestação de clínica de outras doenças de origem semelhante como o lúpus.  Para um diagnóstico preciso é imprescindível combinar avaliação clínica com diagnósticos complementares como ecografia abdominal, exame de fezes e de sangue.  Muitos pacientes apresentam quadros de diarreia crônica que oscilam grandemente de gravidade, por isso é necessária determinação das principais áreas acometidas do sistema gastrointestinal visto que as DIIs podem envolver um ou todos os segmentos do trato.  Na ultrassonografia é comum observar espessamento parietal com manutenção da estratificação e um possível maior envolvimento das camadas mucosa e submucosa. Linfonodos abdominais ou mesentericos podem apresentar aumento de tamanho com padrão inflamatório e a parede intestinal pode mostrar sinais visuais d...

Fisiopatologia

Fisiopatologia, do grego  phýsis+o+gr páthos+gr lógos+ia, o estudo das funções fisiológicas durante a doença ou das modificações dessas funções que permite a instalação de uma doença física.  Durante a graduação ouvimos muitas vezes o jargão “a clínica é soberana!” Se a clínica é soberana - e é! - então a fisiologia é divina. Conhecendo os mecanismos que levam à doenca (ou à saúde) é mais fácil compreender a cadeia de acontecimentos que leva à alteração que estamos observando na imagem da ultrassonografia.  O organismo funciona como um grande quebra-cabeças. Completo forma uma imagem linda; danifique ou tire uma peça e tenha uma imagem alterada, torta, incompleta.  Por isso sempre avaliamos um paciente por inteiro. Primeiro o visual, a conversa com o tutor ou pai/mãe, a “conversa” com o paciente (levante a mão o veterinário ou a veterinária que troca infinitas ideias com seus bichinhos), a avaliação física e depois os exames.  É aí que tudo começa a se lig...