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Alterações em parede de bexiga de diversas pacientes







Aparentemente as fêmeas dos mamíferos têm mais tendência em desenvolver cistite, que muitas vezes pode evoluir para processos crônicos ou até serem de origem idiopática, como a cistite intersticial crônica.

A cistite é comumente caracterizada pelo espessamento difuso da parede da vesícula urinária, e pode ser mais evidente na região cranioventral. Como a parede deste órgão é composta de três camadas (mucosa, submucosa e muscular, no sentido que vai do lúmen à porção mais externa), a mais afetada é a porção interna, ou seja, a mucosa, que se torna rugosa mesmo quando distendida por conteúdo interno. Alguns casos de cronicidade severa e verdadeiramente prolongada causam mineralização da parede, porém este sinal é pouco observado.

Não se pode diferenciar macroscopicamente a cistite da neoplasia de células transitórias, já que ambas causam alterações muito parecidas, inclusive irregularidade e ulceração da mucosa. Pólipos podem estar presente tanto na cistite polipóide crônica, como em casos de neoplasia. Geralmente acredita-se que os pólipos neoplásicos possuem uma base de fixação mais larga do que aqueles benignos; isso, porém, não deve ser tomado como regra.

Casos de cistite enfisematosa foram observados em pacientes portadores de diabetes mellitus. Ela caracteriza-se pela presença de gás intramural (estático) causador de artefatos de reverberação e menos frequentemente por gás intraluminal livre. Normalmente quando o paciente apresenta cistite enfisematosa, apresenta também enfisema em vesícula biliar. Isso se dá pela mudança de pH e contaminação consequente de bactérias anaeróbias produtoras de gás nos líquidos da bexiga e/ou vesícula biliar.

Deve-se usar a maior frequência possível do ultrassom para observar a parede da bexiga e, havendo suspeita de processo neoplásico (um dos indícios seria a hematúria), a urina deve ser coletada preferencialmente por sondagem ou micção espontânea/forçada, já que os tumores de bexiga são altamente metastáticos e podem espalhar-se com facilidade no momento da retirada da agulha usada na cistocentese ecoguiada. Se uma das possibilidades for a neoplasia, radiografias de tórax e observação linfática devem ser feitas imediatamente. 

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