Pular para o conteúdo principal

Ultrassonografia gestacional: quando intervir?






A ultrassonografia abdominal transparietal simples é um método amplamente utilizado na rotina clínica veterinária para a avaliação e/ou diagnóstico gestacional de um sem número de espécies animais, especialmente dos mamíferos de estimação como os cães e os gatos. 

Muitos parâmetros podem ser avaliados, destacando-se a idade gestacional, o desenvolvimento fetal, a viabilidade dos fetos, a movimentação corporal e outros. 

Estudos recentes apontam para uma alta taxa de acerto da idade gestacional em casos estimados abaixo de 58 dias de gestação, pois até esta idade, os fetos ainda apresentam etapas de desenvolvimento claras, com aparecimento gradual de ossos e órgãos específicos para a época, porém, após o quinquagésimo oitavo dia, a maioria dos órgãos já é visível, tornando muito dificultosa a identificação precisa dos dias subsequentes. É neste período que o ultrassonografista se depara com a questão do título: quando intervir? É necessário cesárea? 

Acreditava-se até pouco tempo que a motilidade intestinal ou peristaltismo era o principal padrão de referência, mas com o desenvolvimento da técnica, chegou-se à conclusão que a motilidade intestinal pode aparecer a partir do quinquagésimo quinto dia de gestação e que sua intensidade e vigor tendem a aumentar com o maior desenvolvimento fetal; também concluiu-se que a gestação em algumas cadelas pode durar apenas 58 dias e que em outras, pode atingir com facilidade 63 dias corridos. 

Como o surfactante pulmonar em cães - acredita-se que em gatos também - só aparece nos dois últimos dias da gestação, adiantar o parto através da cesárea pode ser fatal para os fetos, que seriam incapazes de respirar corretamente, por isso estudos atuais apontam para a priorização da observação cuidadosa dos batimentos cardíacos fetais. 

Um feto com batimentos cardíacos normais apresenta pelo menos o dobro da frequência da mãe, ou seja, aproximadamente 220-280 BPM (variando conforme o porte, a raça, a índole, o comportamento, o escore corporal da mãe). Abaixo disso, pode ser que o avaliado esteja dormindo ou em verdadeiro sofrimento fetal. Primeiramente deve-se acompanhar para se ter certeza da oscilação constante ou frequente dos batimentos; caso constate-se verdadeiro sofrimento fetal ou oscilação frequente e desordenada dos batimentos cardíacos ou frequência cardíaca constantemente abaixo de 200 BPM, este feto deve ser prioridade e a intervenção cirúrgica deve ser realizada o mais depressa possível, pois são grandes as chances de perda deste filhote. 

Referências bibliográficas:

Aula da M.V. Esp., Msc Daniela P. Ayres Garcia no curso de pós-graduação em diagnóstico por imagem veterinário do IBVet, 2013. 

Comentários

  1. Thanks for sharing your thoughts. I really appreciate your efforts and I will be waiting for your further write ups thanks once again. netflix login member

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Alterações esplênicas em cães

As alterações esplênicas em cães normalmente são avaliadas de maneira subjetiva pelo ultrassonografista, já que existe uma variação de porte do paciente bastante grande. Ao contrário da esplenomegalia em felinos, que pode ser observada pelo aumento longitudinal do órgão, esta afecção em cães é comumente constatada pelo aumento transversal do mesmo.  Muitas são as causas da esplenomegalia, sendo importante destacar as hemoparasitoses, as parasitoses intestinais e epiteliais severas e as doenças endócrinas como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus.  Além do tamanho, o ultrassonografista deve estar atento à ecogenicidade esplênica, que de acordo com o macete "My Cat Loves Sunny Places" (M=medulla; C=cortex; L=liver - fígado; S=Spleen - baço; P=prostate) deve ser discretamente mais hiperecóica que o fígado e um pouco mais hiperecóica do que a camada cortical dos rins.  Outro aspecto importante é a ecotextura deste órgão, s...

celularidade na bexiga urinária

Nessa foto podemos observar perfeitamente a bexiga urinária, muito cheia, formando um globo anecóico, ilustrando o que se chama de "bola de natal", pois a semelhança da imagem com o brinquedo é inegável. Os pontos hiperecóicos observados flutuando em meio ao líquido (anecóico) são os debris celulares ou pequenos cristais de oxalato ou estruvita ou até mesmo coágulos (a distinção de um ou outro é muito sutil, mas costumo dizer que os cristais são mais "brilhantes" em relação às outras possibilidades e os coágulos os mais hipoecóicos relativamente. Quando maiores, os cristais ou estruturas calcificadas causam a formação de sombra acústica). Para se obter essa imagem deve-se fazer a manobra de balotamente da bexiga, que consiste em posicionar o transdutor sobre a mesma fazendo movimentos rápidos de modo a chacoalhar o abdômen e consequentemente o conteúdo intravesical, levantando possíveis materiais sólidos.. Neste caso os cristais eram de estruvita, mais comu...

Piometra de coto uterino - algumas apresentações

As imagens acima foram obtidas em exames ultrassonográficos diferentes de algumas pacientes da espécie canina; elas representam algumas formas de apresentação da afecção infecciosa de coto uterino. Note os tamanhos variados de coto, a quantidade e as ecogenicidade e ecotextura variadas.  Esse é um quadro mais comumente observado em paciente da espécie canina e normalmente os sinais aparecem poucos dias após a ovariosalpingohisterectomia (OSH). A explicação para esse acometimento para estar na frouxidão do miometro previamente dilatado pela gravidez, piometra ou cio, combinada ao excesso de tecido uterino deixado pelo cirurgião. A existência prévia de piometra não é um fator totalmente predisponente à formação de piometra de coto uterino, porém pode ser um agravante.