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Emergências: a importância da ultrassonografia





FAST é a sigla de Focused Assessment with Sonography for Trauma, o que numa tradução livre quer dizer acesso focado para o trauma com sonografia/ultrassonografia. É uma modalidade de ultrassonografia utilizada em casos de acidentes que possam causar ruptura de órgãos internos e, comumente, sangramento. 

Os locais a serem avaliados neste momento são o saco pericárdico, o espaço perihepático ou recesso hepatorrenal ou bolsa de Morrison, o espaço periesplênico e a região pélvica, pois aí encontram-se os órgãos vitais e aqueles parenquimatosos com maior possibilidade de fratura. A bexiga também é sujeita à ruptura, especialmente quando o acidente ocorre quando o animal a possui cheia de urina, então é importante sempre que detectado líquido livre em cavidade abdominal, aspirá-lo com agulha fina descartável para visualização macroscópica e delineação de diagnóstico e prognóstico do quadro em questão. 

Por ser um órgão abdominal bastante superficial, o baço é altamente sujeito a ocorrências injuriantes. Seu tecido altamente vascularizado e a fina cápsula como invólucro, tornam-o frágil e suscetível a sangramentos graves que podem ocasionar o óbito do paciente. 

O FAST estendido ou extendend FAST/eFAST adiciona à avaliação de emergência a visualização dos lobos pulmonares para a pesquisa de pneumotórax. Estudos dão conta de que a ultrassonografia é mais sensível para estes casos do que a tomografia computadorizada e a radiografia torácica, podendo ser realizado em apenas um ou dois minutos que podem ser cruciais para a manutenção da vida do acidentado. 

Referências bibliográficas:
BLAIVAS, M.; LYON, M.; DUGGAL, S.A. Academic Emergency Medicine 12, 844-9. 2005
SCALEA, T.; RODRIGUEZ, A.; CHIU, W. et al "Focused Assessment with Sonography for Trauma (FAST): results from an international consensus conference. Journal of Trauma 46, 466-72.1999
ZHANG, M.; LIU, Z.H.; JANG, J.X. et al. Critical Care 10, R112. 2006

Comentários

  1. Oi Fernanda sou estudante de veterinária e tenho acompanhado seu blog.
    Gostaria saber se você teve algum tipo de experiência de U.S. com coelhos?
    Estou pensando em desenvolver meu TCC com isso!
    Gostaria de saber sua opinião tb.
    obg.

    Parabéns pelo blog.

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    Respostas
    1. Oi Mayara! Obrigada pelo contato e comentário!
      Infelizmente minha experiência com coelhos definitivamente não é vasta, pois raramente encontro um em meu cotidiano ultrassonográfico.
      Acho muito interessante você desenvolver um trabalho com este tema, pois há poucos estudos especialmente aqui no Brasil. Existem alguns artigos de "selvagens" americanos que tratam de coelhos, acho que vale dar uma conferida até para se certificar dos parâmetros normais caso haja; se não houver, aí está uma ótima oportunidade de estudo!

      Obrigada mais um vez!
      Boa sorte na sua pesquisa! Se puder, me mantenha informada!

      Abraços,

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  2. Olá Dra. Fernanda.
    Sou veterinário e estou à procura de um ultrassom. Porém ouço muitas coisas ruins sobre as marcas e modelos mais comuns utilizados.
    Ao ver sua experiência com esses equipamentos, venho pedir-te ajuda.
    Poderia me indicar alguns aparelhos ultrassonográficos?
    Trabalho em conjunto com um amigo, eu na parte clínica de pequenos animais e ele na parte de manejo de grandes animais. Logo estou a procura de um aparelho com uma qualidade satisfatória e que seja portátil.
    Obrigado

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Os aparelhos que tenho contato normalmente são os portáteis da ALOKA, MINDRAY e CHISON.
      Ouço muita coisa boa do Aloka. Mas e esses outros dois? Você tem algum conhecimento da qualidade deles?
      Obrigado

      Excluir
    2. Olá Arthur,

      Acho que essa é a pergunta que recebo com maior frequência tanto no blog, quanto no meu e-mail ou no Facebook.
      Infelizmente não conheço todos os aparelhos do mercado, pois dificilmente tenho contato com vários para uso cotidiano.
      Também ouço bastante coisa boa do Aloca, assim como da Sonosite, Esaote... Esses são as marcas mais incensadas de ultrassons, mas atualmente possuo um Mindray e sou totalmente satisfeita com ele. O mais importante é conhecer as limitações do seu aparelho e saber usá-lo da melhor maneira possível. Não existe uma máquina perfeita, mas existe sua perfeição de uso. Mesmo que ela seja "meia-boca", se você souber a limitação, saberá ver a imagem dentro dela, ou seja, saberá se está vendo mais ou menos do que o necessário. Ouvi colegas até reclamando que os muito bons, no começo, trazem a impressão a eles de que há mais alterações do que o normal, porque ainda não se acostumaram com a qualidade da imagem. Então, o grande trunfo é saber usar seu aparelho, independente da marca, modelo ou enfim.
      Os da Mindray têm realmente um ótimo custo-benefício e se você pensa em usar para pequenos e grandes animais, considere o software do aparelho e a compra de mais de um transdutor, para poder ter frequências bem amplas.

      Espero ter ajudado!

      Abraços,

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