Pular para o conteúdo principal

Mucocele biliar








Chamamos de mucocele o acúmulo de conteúdo, predominantemente mucoso, em alguma cavidade. A composição da palavra vem dos termos muco + cele (cavidade). 

A mucocele biliar se dá quando o fluxo de bile para fora da vesícula fica comprometido ou interrompido por algum motivo. 

Como a bile está sempre sendo produzida pelo fígado e armazenada na vesícula, se ela não conseguir expelir seu conteúdo, ela começará a ficar cada vez mais cheia. 

Muitas vezes no começo da afecção, nada fica evidente do paciente. Porém, depois de alguns dias, o paciente pode começar a apresentar náusea, vômito, diarreia, inapetência, hipo ou anorexia, ictericia, dor abdominal. 

A bile tem como função principal o auxílio na digestão de alimentos gordurosos, logo, se ela fica presa por muito tempo na vesícula, ela pode começar a “comer” a parede, levando à necrose e ao emergente risco de ruptura. 

É aqui que temos a mucocele. Uma afecção perigoso e perniciosa. Caso haja ruptura da vesícula biliar, a bile solta na cavidade abdominal pode causar peritonite intensa e até digestão parcial de glândulas vitais como o pâncreas. 

O risco de vida do paciente é muito grande, por isso a cirurgia para remoção da vesícula biliar e correção das possíveis consequências de uma ruptura ou extravasamento de conteúdo pra cavidade é emergencial.


Essa paciente apresenta sinais de neoplasia em adrenal esquerda (estrutura disforme observada na segunda imagem deste post), o que pode predispor a dislipidemia ou hiperlipidemia e hepatomegalia. Maior quantidade de gordura no sangue pode resultar em maior viscosidade biliar e aumento do tamanho do fígado pode significar compressão dos ducto biliares, por isso ela já estava com o risco duplamente aumentado de desenvolver obstrução biliar. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alterações esplênicas em cães

As alterações esplênicas em cães normalmente são avaliadas de maneira subjetiva pelo ultrassonografista, já que existe uma variação de porte do paciente bastante grande. Ao contrário da esplenomegalia em felinos, que pode ser observada pelo aumento longitudinal do órgão, esta afecção em cães é comumente constatada pelo aumento transversal do mesmo.  Muitas são as causas da esplenomegalia, sendo importante destacar as hemoparasitoses, as parasitoses intestinais e epiteliais severas e as doenças endócrinas como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus.  Além do tamanho, o ultrassonografista deve estar atento à ecogenicidade esplênica, que de acordo com o macete "My Cat Loves Sunny Places" (M=medulla; C=cortex; L=liver - fígado; S=Spleen - baço; P=prostate) deve ser discretamente mais hiperecóica que o fígado e um pouco mais hiperecóica do que a camada cortical dos rins.  Outro aspecto importante é a ecotextura deste órgão, sauda

Sinais de pancretite em um gato

O pâncreas é uma glândula de difícil observação, identificação e até mesmo de diagnóstico preciso, já que a dosagem de enzimas pancreáticas como a lipase são pouco ou nada realizadas no Brasil. Temos, porém, alguns indícios característicos que nos levam a crer se tratar de um caso de pancreatite. Em cães, podemos observar a ventroflexão do paciente e a extrama sensibilidade do mesmo à palpação abdominal; em gatos pode-se considerar o vômito agudo e a presença ou não de sensibilidade na região pancreática. Logo vê-se que gatos não apresentam sinais clinicos tão clássicos como o cão, o que torna a realização de uma ultrassonografia abdominal bastante importante e útil no diagnóstico dessa alteração. Com o transdutor correto e boas noções de anatomia é possível visualizar a região pancreática, quando alterada, logo caudalmente ao duodeno. Em casos de pancreatite aguda, observa-se diminuição da ecogenicidade do local, como na imagem acima. Em casos de pancreatite crônica, pode haver u

Cirptorquidia: onde procurar o(s) testículo(s) remanescente(s)

A criptorquidia decorre ausência de exposição correta dos testículos, podendo acometer apenas um deles ou ambos, devido ao estreitamento idiopático do canal inguinal.  Quando no útero materno, os testículos dos fetos de cães e gatos do sexo masculino localizam-se dentro da cavidade abdominal dos mesmos. Pensando anatomica e fisiologicamente, os testículos são o substituto masculino dos ovários, apresentando funções proporcionalmente similares e localizações intra-abdominais igualmente parecidas.  Tendo em mente a anatomia, recomendo começar posicionando seu transdutor com o apontador cranial, na linha alba, ventral à bexiga urinária. Visualizando a bexiga, corra o transdutor caudalmente em direção à próstata para então começar a virar seu pulso com o pobre para a esquerda e a direita, suavemente. É muito comum encontrar o testículo nessas regiões laterais à próstata. A estrutura observada será muito parecida à esta da imagem; ovalada, parênquimatosa e mais provavelment